Do que mais sinto falta no Outono/Inverno?, pergunta o Sapinho.
Ora, essa pergunta não poderia ter uma resposta mais simples.
Sendo eu completamente apaixonada pelo Outono, pelas folhas que caem e se aproximam do chão, complementando os meus passos; bem como pelo Inverno, pelo frio, pelos flocos de neve que embelezam os dias, pelas longas avenidas iluminadas... não seria de estranhar que isso me fizesse falta, que o calor exagerado me incomodasse.
No último Inverno, nos dias de chuva, eu fazia-me sempre acompanhar por aquela nem sempre tão agradável coisa que é o guarda-chuva. Tinha um daqueles pequeninos, mas, como ninguém do meu grupo de amigos resolvia trazer um, eu decidi começar a passear com um maior, a que chamava de familiar, que conseguisse abrigar, pelo menos, quatro pessoas quietas.
Era divertido, e só de me lembrar das disputas por um mísero lugarzinho no abrigo do meu guarda-chuva, rio.
Até que, um dia, resolvi começar a abrigar os meus amigos enquanto caminhávamos. E foi aí que descobri que, quando duas pessoas se reúnem debaixo de um guarda-chuva, criam um novo mundo, completamente diferente, aparte do resto.
É naqueles breves instantes de caminhada que partilhamos com aqueles que amamos que o pensamento nos diz, com um terno sorriso, eu vou sentir falta disto. E realmente é verdade.
Do que mais sinto falta nessas estações?
* Ora, pois claro, de poder, magicamente, criar um novo e etéreo mundo, só nosso, enquanto caminhamos lado a lado, conversando animada e genuinamente, mais próximos do que nunca, debaixo de um guarda-chuva *
[Como se tudo o resto não tivesse uma existência para além do nosso olhar, e não pudesse interferir no que pensamos e sentimos.
Como se tivéssemos a absoluta certeza de que aquele momento, aquele mundo mais do que pessoal e intransmissível, iria durar para sempre]